ATENÇÃO: Se você gosta de ter uma nova maneira de duelar inventada a cada
temporada, se ama colecionar os mais diversos tipos de cartas e adora tudo que
a Konami faz: esse post não é pra você, porque vou tecer justamente sobre ela,
e o que ela fez com a franquia de Yugioh. Não que seja algo ruim, mas definitivamente
comercial, pura e simplesmente.
Yugioh
virou a franquia de jogos de cartas mais popular do mundo, a venda e o apelo
comercial são tão fortes que qualquer coisa que a Konami dita vira regra. Logo
muitos fãs dos spinoffs da franquia torcem o nariz pro original dizendo que é o
pior de todos. Só que ele eles se esquecem um grande detalhe...
1º
YUGIOH NÃO É SOBRE MONSTROS DE DUELO.
Quando
Kazuki Takahashi concebeu a ideia original da historia ele nunca imaginou fazer
Yugi num jogo de cartas. Pelo contrário, estava em mostrar o contraste de
personalidade entre o inofensivo Yugi Moto e seu álter ego das trevas o Yami no Yugi, ou Yugi das trevas. Só que ao
invés de usar luta física ele optou por fazer o personagem ser apaixonado por
jogos, e estudou toda a mitologia egípcia pra embasar o poder do protagonista,
fazendo com que ele desafiasse todo mundo ao seu “jogo das trevas” tendo como
punição, a morte, a perda da mente ou da alma. Isso mesmo, o foco não era o
jogo, e sim a dinâmica de personalidade do protagonista. Resultado: Um Yami
Yugi que mata, pune é impiedoso e um roteiro
maduro e sem frescuras. Yugi sofria com o bullying dos mais velhos do colégio,
sempre levava uma surra. Janouchi e Honda (Joey e Tristan) eram um dos vários
que caçoavam do Yugi, mas depois se tornaram seus amigos. Os dois são
personagens bons, mas antes eram violentos e intolerantes. Tea/ Anzu é mais do
que a “oradora de discurso de amizade”. Ela trabalhava pra ajudar a família, e
fornecia tramas que abordavam questões sérias da sociedade japonesa, como a prostituição
entre jovens (sim, Joey pensou que ela estava se prostituindo). Fora que ela já
foi alvo de assédio sexual seja de colegas ou por parte dos professores. Joey e
Tristan contribuem com as piadas eróticas envolvendo Tea, e até Yugi acha
graça. Sim, ele e Joey compartilham fitas eróticas – e depois falam que o
pequeno Yugi não gosta da coisa.
Enfim
Yugioh era pra mostrar o amadurecimento de Yugi em todos os aspectos e como ele
conseguia ter maestria o suficiente pra inventar e jogar com seus adversários.
Não era uma história pra crianças, é uma historia de terror psicológico,
mostrando como um ser inofensivo pode ser corrompido pelo poder e se tornar
poderoso o suficiente pra ser temido. A coisa era séria a tal ponto que Yugi
tinha medo do seu “outro eu”, só depois de muito tempo é que ele passou a ter confiança nele.
A história é sobre o Yugi.
2º
MAS O QUE UM APELO COMERCIAL FAZ.
Ainda
assim, Yugi usava os jogos pra competir e numa bela tarde, Kazuki insere um
jogo que ele criou numa das edições, falando de um jogo de monstros. Até ali
Yugi já se aventurou em jogos virtuais, dados, baralho comum, tomagoshis, rpg, ioiôs
e até golfe...Foi então que a editora notou um súbito interesse do publico pelo
jogo criado por Takahashi, notando uma crescida nos números de venda do mangá
sempre que o jogo aparecia. Que faremos então já que o que importa é dinheiro?
FOCA A HISTÓRIA NO DUELO. E a partir daí Kazuki introduziu o jogo como o “meio
oficial de conflito” da trama, e não obstante deu uma origem ao jogo. Porém ele
fez algo extremamente importante, ele NÃO ESQUECEU DE CONTAR A HISTÓRIA.
Apesar
de monstros de duelo ser o que impulsiona o conflito da trama, ele não é o
protagonista do mangá nem do anime. Ao contrario de Pokémon e seus derivados
que só se importam em mostrar o objeto de venda, -seja o pokemon, o digimon, o
medabot ou a bayblade, em Yugioh o que importa é QUEM JOGA. Kazuki se preocupou
ao máximo em diferenciar sua obra, dando um passado místico ao jogo, e fazendo
o protagonista estar acima dele o ligando diretamente com a origem mística e
ancestral do jogo. Yugi não é só mais um duelista, e não da a mínima pra colecionar
títulos de competições. Ele guarda um espirito responsável pela criação do
jogo, e muitas vezes é forçado a jogar pra salvar amigos e parentes, não porque
ele quer provar pra todo mundo "que é bom”. E no mais, o jogo não trás ameaça
nenhuma, e não concebe poder a ninguém. Quem tem poder é o personagem, de tal
modo que se o jogo nem existisse haveria o conflito de qualquer maneira. Um
embate entre Yami Bakura e Yami Yugi poderia ocorrer sem monstros de duelo
porque eles tem um poder ancestral, não as cartas. Tudo isso contribuiu pra fazer de Yugioh diferente de tudo que já se tinha visto até então dentro do "estilo pokemon" de historia. Só que mesmo com tudo isso, Kazuki se
viu refém do comercio, logo a Konami que licenciava o mangá o obrigou a mostrar
um numero “X” de cartas por edição de mangá, por isso que se via tanto duelo,
um em seguida do outro. Ainda assim, Takahashi se mostrou preocupado com
historia, eis a razão dos duelos dele não seguirem as regras atuais da Konami.
Ele não quer saber do jogo, nunca quis, ele queria apenas contar a historia.
Mas é nítido o cansaço do autor ao final da obra, vendo que um arco importantíssimo
como as memórias do faraó é considerada fraca, porque havia tanto pra ser
explorado, mas o que importava era dar carta pra Konami vender.
3º KAZUKI VS KONAMI
E quando a obra
chega ao fim o que fazer? Mandar o autor criar mais coisa? Eis a diferença dele
pros outros autores que conheço. Como já disse, Takahashi não ta preocupado em desenvolver
o jogo pra ele ficar comercialmente competitivo com MAGIC, quem tem essa
preocupação é a Konami. A solução? “Peguem o título, peguem o jogo, mas deixe
meus personagens em paz.”Kazuki deu
autorização pra se fazer um novo Yugioh mas sem seus personagens, e sim como um
spin off que trataria apenas do jogo monstro de duelo, como carro chefe da
trama e com liberdades criativas próprias. Sim ele continuaria a ganhar pelo titulo e pelo jogo, mas deixou uma mensagem
clara.
YUGIOH ACABOU. E
Kazuki respeita isso. Ele raramente empresta seus personagens pra alguma coisa,
então não desenhou mais nada do mangá, pelo menos até recentemente. Não há mais
história do autor após a ultima fala de Yugi no mangá.
MAS
A KONAMI NÃO PODE FICAR SEM VENDER CARTA.
Devido ao forte apelo comercial criou-se
séries que até tentam seguir a premissa básica do original mas com liberdades próprias.
GX foi o mais fiel até agora, porque partia de um ponto direto do DM, não tinha
Yugi, mas ele participou em alguns momentos. Não vi GX porque a personalidade do
protagonista não me agradou- protagonista alegrão e bobão é típico desse tipo
de roteiro, então ficou mais do mesmo.
4º
VAMOS INVENTAR?
O
que importa é ter um anime que impulsione a venda de cartas correto? Que tal nos aproveitarmos de todo um trabalho
de autor, pegar só a ideia básica e inventar em cima disso pra faturar? ( Típico
e natural, mas é algo bom?). Vamos deixar a jogabilidade mais difícil?, Um sacrifico
pra monstros de nível 5 e 6, dois pra monstros de mais níveis, monstros pendulo,
monstros sincronia, monstros numero? Ok, mas como vamos mostrar isso? Ah coloca
um jogo de mesa, que todo mundo joga sentado ou em arena em cima de motos. MOTOS...Ta.
(Deixa o autor original desenhar o protagonista e a moto...só).
Como
vamos abordar mais? Ah deixa o jogo com
um estilo mais tecnológico e sci fi, coloca aparatos de ficção cientifica, Duelo Com Realidade Aumentada, coloca viagens interdimensionais, pelo
espaço e tempo e...MAS O JOGO NÃO É DO EGITO ANTIGO que envolvia sacrifício de
almas e poderes místicos?
5º
ANTI FILLER?
Já
deve ta pensando onde quero chegar...”Ah não é do autor, não me interessa.”
Não. Até porque os spin offs contam com a supervisão de Takhashi. Como já disse em outro post, as vezes um filler ou uma criação a parte pode
melhorar uma historia, mostrar algo que o autor não explorou mas com Yugioh a coisa desandou num ponto que não
da pra falar que é a mesma coisa. Já ouviram aquela frase “Yugioh sem Yugi, não
é Yugioh” Sabe o que querem dizer com isso? Leu o começo do post? Yugioh sem kazuki
Takahasi não é Yugioh, porque Yugioh não é sobre jogo, é sobre o Yugi. E tudo
que Takahashi criou fazia a trama se diferenciar de todos aqueles concorrentes colecionáveis
que existiam. Ele não ficou horas estudando mitologia egípcia, tentando criar
um jogo, escrevendo, desenhando, pra no final ter a obra totalmente
descaracterizada por puro apelo comercial.
“Ah
mas tem trama dos spin offs que são bem melhores que DM” Óbvio que tem, sabe
porque? Porque a essa altura se trata de outra historia (não to dizendo que o DM é ruim) mas que nada tem a ver com
a criação de Takahashi, (só o nome) já
botaram o jogo que ele criou, em motos, dimensões paralelas e agora em skates,
SKATES. Simplesmente desprezando a raiz da criação, monstros de duelo era pra
ser só um meio de luta, em que personagens com poderes místicos se enfrentavam.
Todo misticismo, magia e sacrifício humano em volta do jogo se perdeu, pra dar
lugar a jogabilidade complexa tecnológica com tramas inverossímeis com ar
infantil. Vide o traço dos personagens, cada vez mais simples. Dai a torção de
nariz pra obra original, só porque o jogo não segue as regras da Konami sendo
que a realidade é o oposto, é a Konami que não segue as regras do autor. A
ideia original é por o mago negro na mesa facilmente, sem sacrifício algum, não
sacrificar um monstro.
6º
RESPEITEM A OBRA.
Que
quero dizer com tudo isso? Simples. Eu respeito Yugioh pra aceitar que ele acabou,
pronto. Fazer série atrás de série só por causa de apelo comercial desgasta a historia inteira.
Vide Saint Seiya, com seus spin offs sem fim, muitos bons
como Lost Canvas outros criticados como Omega, mas ainda você pode bater o olho
e falar que aquilo é CDZ...Muitas pessoas não sentem isso com Yugioh. Parece
que a série agora virou um “caça níquel” ou caça carta, e não há mais espaço
pra criação. A série é concebida, não pra se contar uma historia e sim pra Konami
vender carta. Então não se espante se alguém chamar Yugioh de “anime vendido”.
Takahashi
foi esperto em fazer o que fez, - dar titulo e o jogo pra continuar lucrando
com a franquia? Sim foi, assim como Kurumada
que deixa vários criadores tomarem
o nome da sua obra pra tentar a fama. Mas sabe o que acontece com isso?
PREGUIÇA
DE CRIAÇÃO. Pra que vou me preocupar em criar uma obra se posso simplesmente
fazer um fanzine em cima de outra coisa e tentar a sorte? Basta eu pegar um
detalhe e pronto, fazer toda minha trama rodar em cima disso. Perde-se originalidade.
Do YGO 5D pra frente, a serie poderia ter outro nome, ou mesmo ter concebido
outro tipo de jogo, porque não há mais nada do original ali. Apesar de retomar certas coisas do jogo em si, como monstros e certos tipos de invocação, do espírito original da trama não se vê mais nada. Yugioh foi descaracterizado
demais.
Por isso tem gente que não gosta, ou simplesmente ignora os spin offs, porque sentem que não há mais nada da historia que viram antes. E também por uma certa postura. Respeito a obra. Respeitar não é só elogiar, criticar e sim também aceitar seu final. E com isso manter o espirito do autor, afinal quem se dedicou tempo criando foi ele, não a Konami. Imagine se Himoru Arakawa ( de fullmetal alchemist) começasse a prolongar a história, só por causa de apelo comercial? Uma hora iria cansar, ficar monótono—tipo o one piece que nunca é encontrado pelos piratas. As vezes botar um ponto final salva a historia de quedas de qualidade e mantém o espirito que o autor cria. E criação determina término, logo deve-se respeitar o final de uma trama. E essa acabou aqui:
Por isso tem gente que não gosta, ou simplesmente ignora os spin offs, porque sentem que não há mais nada da historia que viram antes. E também por uma certa postura. Respeito a obra. Respeitar não é só elogiar, criticar e sim também aceitar seu final. E com isso manter o espirito do autor, afinal quem se dedicou tempo criando foi ele, não a Konami. Imagine se Himoru Arakawa ( de fullmetal alchemist) começasse a prolongar a história, só por causa de apelo comercial? Uma hora iria cansar, ficar monótono—tipo o one piece que nunca é encontrado pelos piratas. As vezes botar um ponto final salva a historia de quedas de qualidade e mantém o espirito que o autor cria. E criação determina término, logo deve-se respeitar o final de uma trama. E essa acabou aqui:
Eis
a mensagem: Não julgue alguém que não gosta dos spinoffs. Não é que essas
pessoas não gostam de “inovação”. Mas é porque elas sentem que as tramas novas não
são mais aquilo que viram, apesar de serem boas. Resumindo---não
ligo de você falar que Arc V, 5D, Zexal são melhores que o DM. Mas não me
venha dizer que esses fillers são Yugioh, só por causa do nome ou do jogo, porque há muito tempo já virou outra
coisa. Não há mais nada de egípcio, místico, de sacrifício humano em rituais antigos, de tramas adultas, de ocultismo... Enfim, nada de Yugioh.